Sentindo o videoclipe

Se conhecer é ser dono de si. É controlar todo um universo.

Mas, você se conhece? Você se controla? você se domina?

Nossa mente sabe tudo de nós, controla nossos sentimentos, nosso corpo e tudo que habita em nós. Mas, o quanto sabemos de nossa própria mente? O quão forte é o domínio que temos sobre ela?

É perigoso quando algo que sabe tudo da gente, que vive dentro de nosso lar(nosso corpo) não é dominado por quem se deve: NÓS.

Estamos em uma realidade totalmente confusa, onde é quase impossível não se perder diante de tantas distrações. Um emaranhado de informações inundam nosso ser e fica difícil encontrar o equilíbrio. Muitas são as vezes em que só percebemos a ausência de controle quando o nível do descontrole parece ser irreversível (MAS NÃO É!).

Pessoas com depressão tem sido algo corriqueiro. Vidas sendo cessadas por circunstâncias invisíveis aos olhos da maioria. Mas, que de tão gigante para quem sente, fica impenetrável qualquer luz ou perspectiva.

Uma sociedade que alimenta distúrbios mentais está cada vez mais despreparada para lidar com isso. Julgamentos e cobranças acabam atrapalhando momentos com potencial de sucesso. Famílias, amigos e núcleo social na melhor das intenções, cobram demais, ajudando de menos. Eles dizem: Seja forte! Lute! Você consegue!

Mas, poucos entendem que não é tão simples e que cada caso possui suas peculiaridades. Alguns precisam de medicamentos, outros apoio, outros silêncio e reclusão, outros um pouco de tudo isso, outros nada disso… Enfim, ainda estamos engatinhando quanto a evolução da ajuda. É essencial, nesse momento, procurar um profissional da psicologia para nos orientar e ajudar.

Essas cobranças soam pesadas para pessoas com depressão. Por vezes, se sentem um fracasso (mas não são!). Sem sentem frágeis por não alcançar as perspectivas alheias. Não é fácil.

Uma mente sem controle é dona de todo um universo de possibilidades. E, possui vantagens sobre o bem mais importante: A VIDA!.

Sabendo que cada ser humano é único, não há um antídoto que funcione em todos, mas há sempre uma saída que, juntos, podemos alcançar em prol da saúde mental das pessoas.

Detalhando o videoclipe

Céu cinzento, nuvens densas, caminho iluminado por luzes artificiais naquilo que parece ser uma caverna.
Sharon entra lentamente, afastando toda a névoa em seus pés. Apenas uma fresta é responsável pela luz ambiente, o que é insuficiente, pois o local permanece às sombras.
Ela parece perdida, desconfortável e anda com cautela até encontrar um rosto gigante, com traços inumanos, e um suporte ao centro da caverna. Onde ela retira uma adaga, corta sua mão, deixa o sangue jorrar numa taça, e se purifica bebendo este líquido.

Ela desmaia.

E, ainda ao chão, ela é amarrada por raízes e ramas. Flashes dos músicos passam depressa nesse momento, todos em meio a escuridão. Sharon, permanece perdida tentando entender a situação e símbolos extraterrestres (ou alguma língua morta, não soubemos decifrar) surgem na cálice gigante de cobre.

As luzes e os ventos fortes remetem a uma tempestade. A vocalista muda seu semblante e encara de frente aquela estátua gigante de um rosto, à sua frente. Ela fica em chamas!
Ela recita o refrão da música nesse momento e as chamas formam uma silhueta de asas. Uma fênix renasce, uma alma se purifica. Ao mesmo tempo que o fogo parece arder sobre a pele, ela vibra em instantes de liberdade.

Aqueles símbolos não identificados por nós, invade a protagonista, tomando conta de seus braços. Os olhos da máscara gigante de pedra se acendem em luz vermelha.
Sharon parece estar sendo abduzida e caminha até uma porta, uma saída daquela caverna. Seus olhos se cegaram. Ela desaparece entre a densa névoa.
Em seguida, aparece deitada e estática, com olhos firmes e fixos no vazio.

Aparentemente, todo o videoclipe faz alusão a nossa mente. Essa caverna tão escura simboliza o caos em que se encontra a mente de alguém com a saúde mental fragilizada. Sharon faz o papel dessas pessoas ou de nós mesmos. Ela parece perdida. A máscara gigante e com traços que não reconhecemos, somos nós perdidos na imensidão dos nossos pensamentos. Chega um momento em que não reconhecemos a nós mesmos e esse momento exemplifica isso.

A personagem, estrelada pela vocalista, precisa se cortar e se purificar, ou seja, ao sentir uma dor intensa ela retira as vendas de seus olhos.
Ela se queima, mas se liberta. As dores das chamas a faz renascer. Não é atoa que o fogo formam asas, numa clara alusão à fênix, que sempre renasce de suas próprias cinzas.

O fim é o recomeço.

A partir daí ela segue uma luz que aparece por uma passagem. Ela se liberta dela mesma, de sua mente. Fica cega naquele ambiente, mas ganha a visão para si mesma.

Ao estar no chão olhando pro vazio ela parece estar leve e sem forças. Porém, está apta a recomeçar sua vida em sua plenitude total.

A letra e o vídeo

“The purge” nos traz um alerta importante sobre a saúde mental. Sobre depressão ou quaisquer situações e/ou doenças que envolvam nosso psicológico.
Usando uma temática conceitual e guiada por ficção, Within Temptation, mostra que uma pessoa com depressão, por exemplo, em alguns momentos se vê vivendo dentro de uma caverna sem luz, onde ela não reconhece a si própria.

Muitas dessas pessoas buscam purificar-se dessas dores internas das mais variadas formas. Tentando destruir o mal, destroem a si próprias. Nesse caso, ainda ganham para mais julgamentos da sociedade por parecerem frágeis. Não é fácil.

A música de Within Temptation é um alerta para todos nós sobre a saúde mental das pessoas e o quanto ela está frágil, mas em constante movimentação em busca de sua purificação. Não entregam a solução, mas é uma forma de olharmos com mais solidariedade e paciência. Entender que não temos a solução e nem a cura do outro em nossas palavras.

Tais palavras podem ser importantes e essenciais, mas precisam de fatores extras: ajuda médica e até mesmo o apoio dito no silêncio das palavras ou na imensidão de um abraço.

Essa é uma versão totalmente interpretativa que não tem relação oficial com as ideias e conceitos dos autores e criadores da música e clipe.

Assista ao clipe completo abaixo:

Leia também: Interpretação da música “Entertain You” de Within Temptation

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Rullys Oliveira

Co-fundador do blog Playfonic. Ilustrador Digital, desenhista nas horas vagas, cultivador de plantinhas em vasos e amante de trabalhos manuais. E para cada atividade uma trilha sonora.

@rullysoliveira