Para quem acompanha o perfil oficial da banda Neverwinter no instagram já percebeu que, semanalmente, tem posts sobre o significados das músicas e curiosidades sobre o instrumental.

Recentemente a Neverwinter lançou o lyric video da música Fallen, num vídeo que aborda a dualidade de intenções enquanto as letras se intercalam com a interpretação da Fernanda.

A letra tem significado ambíguo, falando tanto sobre transtornos mentais (os demônios em sua cabeça), quanto sobre as buscas vãs por sentir algo além de apatia (sintoma comum de depressão), mesmo que para isso seja necessário fazer coisas consideradas erradas. O eu-lírico é seu próprio algoz.

A imagem pode conter: céu e nuvem, texto que diz "NEVERWINTER AIR CASTLE"

A análise detalhada da letra é a que segue:

O que levaria a humanidade às atitudes mais inconsequentes atualmente? Sim, o tédio.

No desespero por sentir algo além de tédio, o homem se entrega às atitudes vis, na esperança de que cometer algo “errado” gere adrenalina.

“A noite oculta as melhores coisas”, inicia a música como um prelúdio de que o que será narrado é um tema que não pode ser mencionado de dia, pois são cometidos na calada da noite.
“Me ajude a fugir da realidade” – deveras entediante – “agora!” ordena uma voz grave.

“Me afogando em apatia / Eu sinto falta de adrenalina” narram os momentos de tédio antes da queda. A tensão do instrumental complementa perfeitamente a tensão sexual da letra. A voz grave e a aguda se contrapondo, representando a dualidade nos pensamentos contraditórios, como alguém sendo aconselhado por um anjo no ombro direito e um demônio no ombro esquerdo.

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“Você não pode fugir dos seus demônios quando eles vivem na sua cabeça” – é uma frase ambígua, que simboliza o não poder fugir de suas doenças mentais – como a depressão, que tem como sintoma a apatia relatada pelo eu-lírico no início da música –, assim como significa que o homem é seu próprio algoz e suas escolhas o tornam o responsável por seu fim trágico.

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A frase seguinte “É melhor ter um demônio na sua cama do que um na sua cabeça” assim como a frase “Those spoken words will never be written” revelam o tema da música: uma sex call. Algo sem significado apenas para sair do tédio seria então uma versão moderna do comer do fruto proibido.

Seu demônio está apenas na sua cabeça (as palavras faladas jamais serão escritas), pois você apenas ouve sua voz, mas seria melhor que estivesse em sua cama.

“Você não sabe que meu sangue é venenoso? Você ainda quer experimentar?” revelam que se provar do fruto proibido você será envenenado, e também indicam a falta de caráter do eu-lírico, que se diz alguém “venenoso”, uma cobra.

Ainda que a frase “Vou te beber até secar” pareça uma resposta à pergunta anterior, é uma frase dita pela mesma pessoa.

“O fruto da sabedoria é tão amargo” além de fazer referência ao fruto do conhecimento do bem e do mal, também indica o amargor experimentado pelo eu-lírico após ter se entregado a atos tão vis.

“Caia” – ecoa como uma maldição.

“Eu nunca fui tão verdadeiro comigo mesmo” por se permitir experimentar e se entregar a seus desígnios.

“Eu não quero que você pare” poderia ser uma frase dita durante o ato, e na música ela é seguida de “eu não quero você”, o que reforça a dualidade e a falta de significado da experiência.

“Cavando um caminho para o seu coração com minhas garras” colocam meu toque pessoal, por ser adepta das unhas super longas, mas também indicam que o protagonista se tornou animalesco por satisfazer seus instintos.

“Isso faz seu coração acelerar?” mais uma frase que poderia fazer parte da sex call.

“Isso faz você…?” termina a música com a pergunta em aberto, e eu prefiro deixar para vocês completarem a pergunta.

Fallen

O que torna a Fallen uma versão contemporânea da queda é mostrar que o bem e o mal estão dentro de cada um: na canção o eu-lírico é a má influência, o influenciado, o fruto proibido e também o pecado.

Retira a visão religiosa de que o homem se corrompeu por algo externo, devolvendo o poder ao eu-lírico, que se corrompe apenas por sua própria vontade, e experimenta – também sozinho – o amargor do arrependimento (“O fruto do conhecimento é tão amargo”).

Texto por Fernanda Zys – Vocalista da banda Neverwinter