Marcela Bovio fala sobre sua nova banda Dark Horse White Horse
Marcela Bovio, super simpática, nos deu uma linda entrevista que vocês conferem com exclusividade aqui no Playfonic. Temos a entrevista em texto e no final você confere no player do Youtube.
Marcela é uma cantora, compositora e técnica vocal mexicana. Ela era a cantora da famosa banda de metal sinfônico chamada “Stream of Passion”. Mas essa banda se separou em 2016. Depois disso ela teve alguns problemas e começou alguns projetos.
Agora Marcela está de volta com sua nova banda e projeto. Uma banda mais pesada e progressiva do metal. Cavalo negro cavalo branco. Nesta entrevista ela apresenta sobre isso e nos conta mais sobre sua carreira solo também.
Todos os detalhes disso e muito mais você confere na entrevista que tivemos o privilégio de produzir, abaixo:
Playfonic: Como você escolheu o nome Dark Horse White Horse?
Bem, estávamos procurando por algo que retratasse uma espécie de dualidade da música. Porque, você conhece os caras Jord e Ruben, eles fazem uma música muito pesada, progressiva, muito técnica. E estou mais no lado emocional, se você poderia dizer isso. Então, na verdade, tiramos o nome da alegoria da carruagem de Platão. É uma história em que ele basicamente representa o homem como um cocheiro, cavalgando uma carruagem com dois cavalos. Um deles é branco e representa o lado racional de nossa psique e da estrutura. O azarão representa a parte impulsiva de nós mesmos. É daí que vem.
Playfonic: Qual é o tema do EP? O tema das canções. O álbum tem um conceito fechado ou cada música tem sua própria mensagem?
Não era um conceito realmente consciente, é mais algo que simplesmente aconteceu. Eu estava passando por um período sombrio em minha vida quando estava escrevendo as letras dessas músicas. Então, eles são todos muito escuros. Era basicamente o que eu estava sentindo no momento. No passado, eu ia participar com uma banda chamada “Vuur”, e quando saí não tinha um plano para o que aconteceria no próximo ano. Eu não tinha nada absolutamente planejado. Isso realmente me atingiu. Foi muito impactante na minha vida. Por algum motivo, eu senti como, ok, é isso, essa é a minha carreira. Eu não vou ser capaz de fazer algo legal. Mas pensando agora, parece um pouco exagerado. Mas, naquela época, parecia realmente impactante. Fico feliz em dizer que não me sinto mais assim..
lyric video do single “judgement day” por dark horse white horse
Playfonic: Em projetos anteriores, sua voz passou do soprano popular para o soprano lírico. Como você imagina e propõe sua técnica vocal agora para a nova banda?
Eu sabia que tentaria fazer algo mais pesado. Porque, a música é muito pesada, muito técnica. Definitivamente, muito mais difícil do que qualquer coisa que eu tinha feito antes. Exceto, talvez Mayan, porque eu não sou o único vocalista em Mayan. É pesado, mas você tem os caras que fazem os grunhidos. Então eu sabia que teria que tentar algo mais pesado. E eu gosto de grunhidos, gritos e essas coisas pesadas. Usei algumas distorções também, era algo em que estive trabalhando no ano passado.
Para mim, é como se eu estivesse tentando colocar para fora isso é tudo o que há em mim. Mas foi definitivamente difícil de fazer. Porque eu realmente tentei forçar a barra, ir além dos limites. Depois de escrever as músicas, pensei oh, preciso praticar muito, mas no final ficou mais fácil. Gosto disso, de correr riscos e de procurar desafios.
Playfonic: Como você define o estilo musical da banda?
Bem, acabamos chamando-o de metal sympho-tech. Porque é um modelo que criamos. Eu acho que tem um bom equilíbrio entre técnico, progressivo e relativamente melódico.
performance single “Get Out”
Playfonic: Depois da pandemia, você pretende fazer shows?
Para ser honesta, não estamos pensando nisso ainda. É muito difícil fazer planos no momento. Eu conheço muitos músicos que estão fazendo planos, e alguns deles fazem pequenos shows corona, e algumas pessoas têm turnês gigantes que continuam sendo adiadas. Eu acho que para uma banda iniciante, não é fácil fazer planos no momento. Além disso, acho que será melhor termos mais material antes de ir ao ar. Acho que a prioridade será continuar escrevendo músicas.
Eu vi esses shows ao vivo onde as pessoas estão apenas tocando em casa e editando o vídeo juntas. Mas isso para mim parece estranho. Não parece um verdadeiro show ao vivo. É por isso que acabei gravando uma versão ao vivo cantando. Não é com a banda, apenas eu cantando. Então assim eu gosto.
Playfonic: Conte-nos um pouco sobre seus dois álbuns solo. Como foi produzi-los?
Oh, eles são muito diferentes. O primeiro é chamado de Sem precedentes. E eu lancei isso em 2016. Isso foi basicamente como um primeiro tipo de aventura para mim sozinho, fazer algo que é cem por cento vindo de mim. Há muito tempo que eu tinha a ideia de fazer isso, mas não conseguia me decidir por um estilo específico porque gosto de muitas coisas. Então, certa vez, eu estava conversando com Joan van den Broek, a produtora de Stream of Passion, Dark Horse White Horse, Epica e filho. Basicamente, todo mundo no meio do mundo sinfônico trabalha com ele. Ele é um grande amigo meu e disse uma vez: “Oh, talvez você não precise pensar em um gênero, mas então talvez você possa pensar nos instrumentos que deseja. Por exemplo, eu sei que você gosta de música clássica, cordas … ”E foi assim que tivemos a ideia de fazer um álbum com um quarteto de cordas. Então, Unprecedented nada mais é do que um quarteto de cordas e voz, então é completamente diferente de tudo que eu fiz antes. E isso são músicas, tópicos muito pessoais.
E o segundo álbum é chamado de “Through your eyes”. E é muito diferente porque, na verdade, são músicas que escrevi para outras pessoas. Portanto, são onze músicas. E cada música é baseada em uma pessoa diferente, e um tópico diferente que eles me deram, para escrever uma música sobre isso. É muito legal, porque são pessoas de todo o mundo. Fiz crowdfunding para meu primeiro álbum e essa era uma das vantagens que você poderia obter. Que eu escreveria uma música para você. E a ideia inicial era que seria só para eles, e ninguém mais os ouviria. Mas então as músicas começaram a ficar tão boas, que eu gostei muito delas. Então eu perguntei a eles: “Vocês ficariam bem se eu os colocasse em um álbum?”. E eles adoraram a ideia. E foi muito bom porque, embora fossem as histórias deles, sempre havia algo lá que eu pudesse me conectar. Então foi muito bom. Criamos um vínculo por causa disso. É muito especial..
Playfonic: Uma pergunta fora da música: Que filmes ou séries você tem assistido?
Eu não assisto muita televisão hoje em dia. Mas eu estava assistindo a Ru Pauls Drag race, realmente adorei. Também passei muito tempo jogando. Eu realmente gosto de jogos. Mas recentemente descobri um programa britânico chamado Task Master. Que é hilário. Você pode encontrar no youtube. Eu recomendo porque é muito engraçado.
E eu estava assistindo aos filmes da Marvel. Eu fui do início até os vingadores.
Playfonic: Como foi para você se mudar do México para a Europa?
Para ser honesto, foi muito difícil. E eu não acho que pensei sobre isso completamente. Não percebi como seria o impacto até vir morar aqui. Porque as pessoas são muito diferentes. Acho que vocês no Brasil são um pouco como nós no México. Se você conhecer alguém, vocês serão melhores amigos. Se vocês têm algo em comum, vamos conversar, compartilhar, somos pessoas muito calorosas. E os holandeses, sem ofensa para eles, são um pouco mais frios. Demora muito mais para as pessoas se abrirem. Então no começo isso foi muito difícil para mim, eu também sou uma pessoa um pouco introvertida. Então no começo me senti um pouco isolado. E então chegou o inverno e começou a ficar frio e escuro. Os dias ficaram muito curtos. Eu não tinha isso no México. Então estava frio, estava escuro e solitário, então foi difícil. Mas agora está tudo bem. Agora me sinto em casa aqui.
Playfonic: Então a banda “Stream of Passion” começou no México?
Eu ainda morava no México quando começamos. Escrevemos o primeiro álbum pela internet, enviando arquivos e produzindo remotamente. Algo que hoje em dia é muito usual.
Playfonic: Você passou por uma situação difícil, onde soube lutar e vencer. Essa foi a sua doença. Você está curada hoje? Que mensagem você poderia passar para os fãs que estão passando pela mesma situação ou com entes queridos nesta situação?
Eu estou curada. Eu espero que eu continue assim. Recentemente, fiz alguns exames médicos e está tudo bem.
Levei muito tempo para me recuperar totalmente após o tratamento. Porque se você tem esse tratamento intenso de quimioterapia, radioterapia de câncer que eu tive. Estava muito pesado. E eu não sabia, mas seu corpo realmente leva um soco. Mesmo depois de terminar, sua energia diminui. Tive que reconstruir meus níveis de energia. No começo, se eu tomasse banho, precisava deitar na cama imediatamente. Eu me sentia exausta. Foi muito estranho. Não pude trabalhar, não pude fazer nada porque me cansava muito rápido. Levei um ano para me sentir totalmente de volta ao normal.
Então, para todas vocês mulheres lá fora. Faça seus testes. Vá ao seu ginecologista. Vá ao médico. Isso pode salvá-lo de muitos problemas. Faça isso como um favor pessoal para mim!
Eu me sinto muito feliz agora. Estou feliz por ter me recuperado disso e aprendido com isso..
Album Artwork – Dark Horse White Horse
Playfonic: A capa do primeiro trabalho do DHWH tem um design que explora as linhas e remete à tecnologia. Nele podemos observar o rosto de um cavalo onde os traços simbolizam a luz refletida nele. Cada lado com uma intensidade diferente. Um lado está escuro e o outro é claro. Essa dualidade se refere apenas à questão estética ou seu conceito se relaciona com o ponto de vista que temos de cada situação? Onde o ser humano geralmente toma sua própria interpretação sobre tudo e o define como uma verdade absoluta. No entanto, sempre há outro ponto de vista. Enfim, qual é a sua opinião sobre essas questões?
Bem, nós temos o logo da banda. O logotipo com as linhas. Foi desenhado por uma empresa aqui na Holanda, chamada Black Lake. Então eles fizeram o logotipo, e o resto do design da arte foi feito por mim.
A ideia deste logotipo. Queríamos algo geométrico. Achamos que isso se relaciona com o aspecto muito técnico da música. Basicamente, é isso. O logotipo tem uma parte apenas uma linha e a outra metade é preenchida. Então, são os dois lados..
Playfonic: Existe alguma possibilidade de ter uma música da banda com a colaboração de outra(o) vocalista como colaboração em um feat?
Bem, para ser realmente honesto, isso não é algo que eu pensei antes. Se quisermos fazer algo assim, para o qual estou sempre aberto, mas se não estou escrevendo especialmente para esse fim, não terei a ideia. Então, eu teria que pensar oh, eu quero cantar uma música com essa pessoa, vou escrever com esse propósito.
Fizemos alguns shows com o Stream of Passion antes de nos separarmos, e sempre convidávamos alguns artistas para tocar no palco conosco. Quando soubemos quem estaria no show, ouvi a música deles e reorganizei uma música, para que se encaixasse no estilo deles.
Acho que poderia fazer um recurso, mas tenho que escrever e me preparar para isso..
Playfonic: O EP possui cinco músicas. Por que não tem uma música de balada? Uma música mais leve?
Bem, a palavra balada surgiu em algum momento. Embora eu achasse isso muito previsível. Se fôssemos fazer uma balada, não seria realmente uma balada, mas algo menos pesado, mas ainda bem estranho. Sabe o que eu quero dizer. Algo meio atonal, muito dissonante, muito tranquila mas muito esquisita. Sons suaves, mas ainda assim sons muito assustadores.
Playfonic: Você tem mais alguma coisa que queira dizer?
Diga-nos se você gosta de nossas músicas do EP Dark Horse White Horse. Nos informe. E muito obrigado. Obrigada! Hola Brazil. Eu não falo português. Talvez algum dia. Eu adoraria voltar para o brasil. Eu estive lá uma vez. Espero que possamos nos ver pessoalmente em algum momento. E fiquem seguros. Se Cuidem.
A SEGUIR A ENTREVISTA EM VIDEO:
Obrigado por ler nossa entrevista com a Marcela Bovio. Esperamos que tenham gostado. 🙂
