Para cantar metal sinfônico, é preciso estudar canto erudito? Por Ana Carla De Carli – playFEAT

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Para cantar metal sinfônico, é preciso estudar canto erudito?

Algumas de nossas vocalistas favoritas são reverenciadas tal qual as grandes cantoras da música clássica. Fazemos questão de saber a classificação vocal de cada uma delas (soprano, mezzosoprano). Nos vocalistas masculinos, o alcance vocal pode ser tão alto que abrange tenores e contratenores.

Mas é só o alcance que caracterizaria nossos queridos vocalistas como cantores eruditos? Certamente não. Podemo-nos lembrar, no canto popular, de que existe uma das técnicas mais disseminadas para o alto alcance: o belting.

Então, o que de fato os classificaria como cantores eruditos?

É a característica qualitativa do canto que o define entre erudito ou popular. O termo “mezzosoprano” pode ser usado para Amy Lee e Simone Simmons. Mas Amy com certeza faz parte da escola do belting, enquanto Simone faz um mix das duas técnicas.

Canto Erudito e Canto Popular

Para sabermos exatamente quem é quem, algumas diferenças fundamentais entre os dois tipos de canto nos trazem algumas dicas:

– No canto erudito, o cantor procura fazer com que todas as notas “emerjam de um lugar só”. No canto popular, essa uniformidade não é uma exigência e pode-se ouvir com mais clareza os conhecidos registros: voz de peito, voz mista e voz de cabeça.

– Ainda no canto erudito, procuramos aproveitar todo o ar e focá-lo inteiramente na emissão do som. Portanto, diferente do canto popular, não há espaço para uma estética airosa.

– No canto popular, não temos uma impostação tão singular e necessária quanto no canto erudito. Todos os profissionais da voz utilizam um nível de impostação, mas o cantor erudito busca ao máximo esse som redondo e potente: permite-o produzir volume com o mínimo de esforço.

Existem outras diferenças bem características, mas também grandes similaridades nas técnicas vocais. Se formos estritamente técnicos, veremos que todo cantor de metal sinfônico na verdade faz uma mescla dos dois estilos de canto. Afinal de contas, um estilo musical que se utiliza do microfone para amplificação e possui grandes orquestras e guitarras distorcidas pede uma estética diferente do que, digamos, Montserrat Caballé no Metropolitan Opera.

A performance vocal que as músicas do metal sinfônico requerem dos cantores exige um treinamento que, em muito, pode se beneficiar das técnicas eruditas, mas não se limitam a elas. Um fato interessantíssimo é o estudo de Dianne van Giersbergen (ExLibris, ex-Xandria), soprano spinto, que desenvolveu sua tese de mestrado sobre técnicas que mixam o canto erudito e as demandas composicionais do metal. Isso sim é crossover singing!

E para você? Quais cantoras e cantores parecem usar mais técnicas e estéticas eruditas do que populares?

Acompanhe os trabalhos profissionais de Ana Carla De Carli pelas suas redes sociais oficiais e de suas bandas.

Dark Valley (site, facebook, instagram, youtube)

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Ana Carla De Carli

Crossover Singer | Songwriter | Vocal Producer | Voice Teacher 🗣️ 𝑪𝒍𝒂𝒔𝒔𝒊𝒄𝒂𝒍, 𝑷𝒐𝒑-𝑹𝒐𝒄𝒌 & 𝑫𝒓𝒊𝒗𝒆.

@anacarladecarli

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