Análise interpretativa do videoclipe de Better Without You de Evanescence
Por Rullys Oliveira
Confira nossa Análise interpretativa do videoclipe de Better Without You de Evanescence, com colaboração da cantora e psicóloga Laís Paes
Quantas certezas você já teve? Quais eram? quando isso aconteceu? no final, elas estavam corretas?
Quando nos encontramos refletidos em várias faces e nenhuma destas nos complementa, eis o sinal ideal para um STOP!. Dentro de nós, somos inúmeros. Incontáveis estilos, sabores, amores, dores e sentidos… cada um carrega o seu, mas cada fragmento, ainda que distintos, nos pertence.
E se dissessem que o seu não pertence mais a você, o que te restaria?
Se tomassem de você o seu tempo e sua vida, estaria satisfeito?
E se você não quisesse entregar aquilo que querem te tomar?
Ter a certeza de que cada muro em ruínas ou que a queda dos alicerces que sustentam uma vida é algo futuramente positivo, é quase uma impossibilidade. Quando tudo passa, a conclusão chega: tudo está MELHOR SEM VOCÊ. Esse VOCÊ pode ser qualquer coisa, pessoa, sentimento, ocasião… qualquer coisa. Mas é algo que já esteve em sua vida.
A certeza de que tudo de ruim aconteceu para abrir espaço às coisas boas, não redime o responsável por sucumbir nossos pertencimentos.
A certeza, na verdade, é apenas uma: o ciclo da vida gira ininterruptamente e aquilo que hoje damos, receberemos amanhã.
Muitos chamam isso de karma, outros de destino e muitos não chegam a nomear. Porém, o final de tudo só deve existir quando o bem triunfa sobre o mal, enquanto tudo estiver diferente disso é sinal de que tudo irá mudar. Mudanças são necessárias, por mais dolorosas que sejam. E, ao final dessas, a certeza vem, seja positivamente (trazendo alegria e alento) ou negativamente (fornecendo conhecimento e aprendizado).
Não precisa mudar radicalmente (ou talvez precise), a única regra é fazê-lo com sua verdade. Em muitas situações a mudança é apenas um entendimento diferente sobre algo que sempre pareceu óbvio para você. E realocar ideias e conclusões impacta profundamente, de dentro para fora, no mundo em que habita (dentro ou fora de sua pele).
Better Without You é um misto de certezas. Variando da sensação de uma música bem escrita, produzida e cantada, até a percepção de que seus conceitos e simbologias dizem além do que pode ser dito.
Entretanto, em meio a tantas indagações e instabilidades, eis a certeza crucial e inquestionável desse enredo: EVANESCENCE é uma banda NECESSÁRIA e o mundo precisa de sua arte!
A seguir texto escrito pela cantora e psicóloga Laís Paes. Ela passou sua visão sobre a música e clipe. Confiram:
O Videoclipe se inicia com uma imagem de uma bailarina em movimentos circulares como figura e já dando sinais de uma outra personagem ao fundo, a bailarina pode nos trazer um simbolismo da energia do feminino interno que abita em nós, na psicóloga analítica, chamamos de anima.
A personagem oculta, se faz presente em vários momentos, personagem esta, com material espinhoso nos ombros e retalhos de tecidos nos braços. Espreitando a vocalista, seguindo seus movimentos e aparente em reflexo ao espelho.
Quando a Amy Lee, chega a uma cortina azul (azul é a cor que representa o inconsciente) que a separa da personagem oculta e rasga a cortina, entrando em contato com a personagem surgem várias fagulhas de destruição.
E é aparente a transformação da vocalista antes desse contato com a personagem oculta e após.
Essa personagem oculta pode ser facilmente colocada como o arquétipo da sombra no nosso psiquismo. Os conteúdos sombrios, são todos os materiais que foram reprimidos, ocultos, ou não temos condições egóicas de lidar no momento, coisas que não queremos ter contato. Mas esses conteúdos também são repletos de força, criatividade e movimento, caso sejam trabalhados e aceitos.
Criação e destruição na psique são frutos de um mesmo núcleo. Como o ciclo vida e morte. Assim, para se criar algumas coisas precisa-se destruir ou abrir mão de outras.
(ALERTA SPOILER)E como a performance dos integrantes da banda vem chamar atenção a entrega e ao final descobrimos que a Personagem oculta era a própria Amy Lee, nos faz pensar sobre nos entregar ao nosso próprio processo, ao processo de se autoconhecer. E uma das importantes partes desse processo, é aceitar, trabalhar e diluir os conteúdos que não queremos olhar mas que fazem parte de nós!
O processo do autoconhecimento é dolorido, árduo, mas também repleto de pluralidades e possibilidades talvez até então ocultas.
Reflexão: Tem aceitado que para ter novos caminhos, precisa-se abrir mão de outros? Está pronto para desvendar conteúdos ocultos e iniciar o processo do autoconhecimento?
Laís Dias Paes, Vocalista da Banda Voccatus, Psicóloga Clínica e Instrutora do Instituto Eranos de Saúde e Educação, Pós-graduada em Criminologia e Pós-graduanda em Psicologia Junguiana. E-mail: lais-paes@hotmail.com
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